Você provavelmente leu ou assistiu em algum noticiário que o parlamento britânico rejeitou o Brexit. Você sabe o que significa e o que isso pode interferir no seu bolso?
A expressão é usada para caracterizar o processo de saída do Reino Unido da União Europeia. Esse processo foi iniciado com o referendo de 23 de junho de 2016.
Na ocasião, 48,1% dos britânicos votaram não à saída da UE. No entanto, 51,9% votou sim. O resultado estipulou o dia 21 de março de 2019 para que o Reino Unido saia formalmente do grupo.
Com o imbróglio, os parlamentares devem propor uma solução. Outra possibilidade é permitir que a primeira-ministra Theresa May tente mais uma vez aprovar o acordo de retirada no parlamento.
Uma terceira sugestão é fazer um novo referendo, possivelmente perguntando se os eleitores aprovam o acordo, em vez de voltar a perguntar se eles querem ou não deixar a União Europeia.
No entanto, tudo é incerto. Theresa May tem de aprovar um plano B. Caso este também seja rejeitado, o Reino Unido muito provavelmente caminhará para um Brexit sem acordo, no qual deixará o bloco sem ter direito a negociar seus termos.
O certo é que o risco de uma saída desordenada aumenta o risco de uma crise econômica. Portanto, este acordo é e continua a ser a melhor e única forma de garantir uma retirada ordenada do Reino Unido da União Europeia.
Consequências econômicas para Reino Unido e UE
Análise do Instituto Nacional de Pesquisas Econômicas e Sociais aponta que o Reino Unido terá menos comércio, menos investimento estrangeiro, produtividade mais baixa e migração em queda.
Portanto, são esses os fatores que devem fazer com que o Brexit penalize a economia britânica.
O mesmo estudo diz que o acordo conseguido por Theresa May é melhor que um Brexit sem acordo, mas o impacto na economia não deixa de ser significativo.
Em 2030, quando a saída do Reino Unido da União Europeia tiver feito 11 anos, o instituto prevê que o PIB britânico possa cair 3,9% ao ano.
Além disso, o comércio entre o Reino Unido e a União Europeia deve cair 46% e o investimento direto estrangeiro também apresentará queda de 21%.
A princípio a rejeição do acordo de Brexit pelo Parlamento britânico não foi motivo para levar a uma revisão do rating soberano do Reino Unido pela Moody’s.
No entanto, a agência anunciou que a decisão parlamentar é um fator negativo de crédito para muitos emissores de dívida.
O próprio Banco da Inglaterra já fez uma advertência. Segundo a instituição, o país mergulharia em uma grave crise econômica.
Os resultados apontados são:
– disparada do desemprego;
– aumento da inflação;
– queda da libra;
– queda do preço da moradia;
– recuo em quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
Brexit também pode afetar economia brasileira
O Brexit pode afetar o Brasil. Afinal, em 2018, o Brasil exportou US$ 2,98 bilhões para o Reino Unido.
O país é o 17° no ranking de destino de nossas exportações e importou US$ 2,27 bilhões. O que o coloca na posição de número 20 no ranking de exportações.
Os produtos mais exportados foram:
– ouro (26%);
– silício (5,5%);
– soja (5,2%).
No entanto, uma pesquisa realizada pela Amcham (Câmara Americana de Comércio), que ouviu diversos empresários brasileiros, aponta que o Impacto do Brexit será pontual/neutro ou indiferente. Essa é a visão de 64% dos empresários.
Para 43% deles, o divórcio na Europa causará uma instabilidade apenas a curto prazo. Outros 21% informaram acreditar que o processo terá baixo efeitos e impactos significativos nas operações brasileiras das empresas ou na economia.
Os executivos avaliam três possíveis efeitos negativos:
1 – cambial – com incertezas e maior volatilidade das moedas;
2 – imigratórios ou alfandegários – com novas regras para entrada de pessoas ou produtos no Reino Unido;
3 – político – trazendo dificuldades nas relações com os países europeus.
Analisando amplamente, a maioria (54%) dos consultados pela Amcham enxergam efeitos positivos. Eles acreditam na possibilidade de um maior relacionamento comercial Brasil-Reino Unido.
A aposta é a possibilidade de acordos individuais e abertura de novas frentes de negociação, especialmente, para a cadeia agrícola. Sobre possíveis setores que podem ser beneficiados no Brasil, foram listados:
1 – agrícola – 61%;
2 – financeiro – 35%;
3 – indústria – 31%;
4 – serviços – 30%.
Qual a consequência para a economia mundial?
A decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia (UE) pode acarretar em um efeito cascata. Isso porque candidatos nacionalistas podem ser eleitos nas próximas eleições na Suécia, Polônia e Hungria.
Portanto, a vitória do Brexit poderia ser o catalisador para uma nova crise global. Desta vez, porém, os trabalhadores podem perder seus empregos e suas poupanças.
Aliado a isso, o conflito entre a China e os Estados Unidos contribui para a redução do dinamismo internacional. Isso pode agravar ainda mais a desaceleração da indústria chinesa, o que acabará exigindo a implementação de medidas adicionais de estímulos fiscais e monetário.
Porém, outro cenário pode ser desastroso para a economia mundial. A abertura do processo de impeachment presidente norte-americano Donald Trump. Essa simples abertura pode estressar o mercado e, principalmente, a moeda norte-americana.
Apesar dos cenários temerários, a economia mundial pode crescer 3,7% em 2019. A estimativa é do Fundo Monetário Internacional (FMI). Patamar semelhante ao registrado nos últimos dois anos, embora com composição desigual.
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