A crise na Argentina ganhou mais um capítulo. O presidente Mauricio Macri anunciou o congelamento dos preços de cerca de 40 commodities, além de linhas de crédito.
A medida tem como objetivo segurar a inflação. O índice continua a subir, atingindo 4,7% em março, e acumula 11,8% no primeiro trimestre.
De acordo com o Instituto de Estatística do Estado (Indec), o índice de preços dos últimos doze meses subiu para 54,7%, um dos mais altos do mundo. Impulsionado com aumentos significativos nos setores de transporte (67,5%) e alimentos (64%).
Recentemente, Macri anunciou a ida do país ao FMI para conseguir adiantamento de uma linha de crédito que totaliza US$ 50 bilhões.
A última vez que a Argentina recorreu ao fundo foi em 2003, na esteira da pior crise econômica e política que eclodiu em 2001.
Pobreza aumenta na Argentina
Dados do Indec indicam que 32% da população está abaixo da linha de pobreza e 6,7% são considerados indigentes.
Ainda de acordo com o órgão, uma espécie de IBGE argentino, o desemprego está em 9,1%. Já a taxa de emprego informal beira os 40%.
Ao todo, 8,9 milhões de pessoas nos 31 maiores centros urbanos se encontram abaixo da linha de pobreza, informou o estudo da entidade. A medição não inclui a pobreza em zonas rurais.
Trata-se do número mais alto desde a crise econômica de 2001. No segundo semestre de 2017, a pobreza atingia 25,7% da população, e no primeiro semestre de 2018, 27,3%.
2011: o início da crise na Argentina
A crise na Argentina teve início com o fim do ciclo das commodities. A economia passou a crescer menos, mas os gastos continuaram altos e afetaram contas do governo.
Afinal, assim como o Brasil, a Argentina é um grande exportador de commodities. Cerca de 60% das vendas externas do ano passado foram de produtos básicos e manufaturas de origem agropecuária.
Outro agravante da crise é o fato de que, historicamente, a Argentina possui uma baixa reserva de dólares. O que faz com que a moeda nacional (o peso argentino) se torne muito suscetível à desvalorização.
Além disso, o país tem passado por uma estiagem (período longo sem chuvas) e, nos últimos anos, o setor agrícola apresentou queda em sua produção.
Como boa parte das exportações da Argentina é do setor agrícola, há uma dependência da economia nesse setor.
Os desequilíbrios de ordem macroeconômica foram se multiplicando e aprofundando, impondo limites ao investimento. Por conseguinte, anulando a expansão do produto interno bruto (PIB).
Por que o Brasil será prejudicado com a crise na Argentina?
A crise da Argentina vai afetar as exportações brasileiras e vai desacelerar nossas vendas internacionais com o país. Afinal, o Brasil é o principal sócio comercial da Argentina.
Nos dois primeiros meses do ano, o valor das exportações para o terceiro melhor parceiro comercial do Brasil caiu 42,5%.
Ele declinou de US$ 2,68 bilhões no primeiro bimestre de 2018 para US$ 1,54 bilhão no mesmo período de 2019.
O recuo afeta sobretudo as exportações de produtos industrializados. Afinal, o comércio bilateral concentra-se no setor automotivo, na metalurgia e em produtos petroquímicos.
Segundo o Ministério da Economia, as vendas de automóveis de passageiros para a Argentina caíram 49,8% em janeiro e fevereiro de 2019, na comparação com o primeiro bimestre de 2018.
A maior queda percentual, no entanto, ocorreu nos veículos de carga, cujas exportações para o mercado vizinho diminuíram 64,7%.
Turismo em alta
A crise da Argentina facilita o turismo. Afinal, a forte desvalorização da moeda argentina permite que as viagens de turistas brasileiros para o país vizinho fiquem mais baratas.
A tendência é que as despesas com hospedagem e alimentação, por exemplo, fiquem mais vantajosas para quem visitar a Argentina.
O que é uma ótima oportunidade, já que a moeda deles se desvalorizou numa velocidade maior que a nossa.
Dados do Ministério do Turismo da Argentina apontam que o país recebeu 64% mais visitantes brasileiros no primeiro trimestre de 2019, em comparação com o mesmo período de 2018.
Vale ressaltar que durante 2018 a Argentina recebeu mais de 1,31 milhão de turistas brasileiros.
Isso significa um crescimento de 6,2% em relação ao ano anterior. Para 2019, a meta é superar 1,4 milhão de visitantes.
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Crise na Argentina: qual o impacto para o Brasil? Publicado primeiro em https://financeone.com.br/
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