Você sabe o que é crediário? Ainda usa essa forma de pagamento para realizar suas compras?
Se a resposta foi não para ambas as perguntas, saiba que ainda existem pessoas que usam o crediário como pagamento.
O crediário foi utilizado como forma de pagamento por três em cada dez brasileiros (30%) entre abril de 2018 e o mesmo mês de 2019.
É o que mostra uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Entre as opções que foram levadas em consideração como crediário estão os carnês feitos em lojas físicas e boletos para pagamentos a prazo. Além de cartões que só podem ser utilizados dentro da própria loja, os que não são bandeirados, sem função de crédito.
O levantamento ainda mostrou que nos últimos 12 meses, 26% das pessoas recorreram à modalidade de crediário todos os meses. Enquanto 31% fez isso a cada dois ou três meses, e 31%, três vezes ou menos no ano.
A pesquisa foi realizada nas 27 capitais brasileiras, e as instituições consultaram 805 pessoas.
Motivo do uso do crediário é a falta de condição de pagar à vista
O principal motivo que levou as pessoas a utilizarem o crediário foi a falta de condições para realizar o pagamento à vista em dinheiro (35%). A população de baixa renda foi a que mais usou essa forma de pagamento, com 40%.
Os que viram vantagem na pouca burocracia que é exigida pelas lojas comerciais somaram 25%. Vale ressaltar que esse número aumentou em 12 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Além disso, 20% das pessoas perguntadas escolheram o crediário tendo como estratégia de realizar mais compras. Esta opção cresceu em oito pontos percentuais em um ano.
A principal vantagem apontada pelos usuários é a possibilidade de parcelar o valor das compras, representada por 30%.
Enquanto 19% das pessoas veem vantagem em realizar as compras mesmo não tendo o dinheiro. E 15% em ter prazos maiores para o pagamento dos produtos adquiridos.
“Pagar no crediário permite que a pessoa adquira uma maior quantidade de itens e se comprometa com uma prestação mais acessível, dentro dos limites do orçamento mensal. O problema é que essa facilidade pode favorecer o consumo impulsivo e até mesmo o descontrole nas compras”, alerta o educador financeiro do SPC Brasil José Vignoli.
Segundo ele, “é essencial refletir sobre a real necessidade de cada item e fazer as contas para saber se a parcela, ainda que de valor baixo, não irá comprometer o pagamento de outras despesas já assumidas a cada mês”.
Roupas, calçados e acessórios são os mais adquiridos no crediário
De acordo com a pesquisa, os artigos de vestuário lideram o ranking dos produtos comprados por meio desta modalidade de crédito. Metade dos entrevistados informou que comprou ou que costuma comprar roupas, acessórios e calçados no crediário.
Enquanto 46% das pessoas preferem utilizar essa forma de pagamento para adquirir eletrônicos. Esse número teve um aumento de 11 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior.
E os outros 40% utilizam o crediário para a compra de eletrodomésticos e eletroportáteis.
Em média, atualmente, os entrevistados têm crediário aberto em duas lojas. Sendo 43% que solicitaram ativamente a forma de pagamento e outros 40% foram convencidos a abri-lo após receber a oferta do lojista.
Na data da pesquisa, seis em cada dez brasileiros (61%) tinham cartão de loja, enquanto 49% tinham carnê ou boleto. Além disso, seis é o número médio de parcelas em que as compras foram divididas.
Por mais que aceitar a oferta de crédito dos vendedores das lojas pareça uma atitude impensada, sete em cada dez entrevistados afirmaram ter analisado as tarifas. Eles também pesquisaram os juros cobrados ao contratar o crediário.
Entrevistados já foram negativados por não pagarem as parcelas
Mesmo com todas as vantagens dessa forma de pagamento, é importante ter cuidado ao realizar as compras nessa modalidade. Isso porque existe o aumento de poder de compra, o que pode levar o consumidor a se endividar.
Prova disso é que 44% dos usuários já ficaram negativados por não cumprir com o pagamento das parcelas. Porém, esse número representa uma diminuição de 15 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
E 31% das pessoas já conseguiram regularizar a situação, mas 12% ainda estão com o nome sujo. Taxa que representa queda em relação a 2018, de 13 pontos percentuais.
Oito em cada dez entrevistados (81%) que tem algum crediário garantem estar com as parcelas em dia. E somente 10% estão com pagamentos em atraso.
A baixa inadimplência tem relação com a responsabilidade de parte significativa dos consumidores em acompanhar as finanças.
Sete em cada dez pessoas (69%) afirmaram realizar o controle dos pagamentos das compras realizadas pelo crediário. Seja por meio de caderno, agenda e papel, com 33%, planilha de computador, com 21%, ou aplicativo de celular para finanças pessoais, com 15%.
Mas mesmo assim, 30% dos entrevistados não costumam fazer esse controle.
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