quarta-feira, 19 de junho de 2019

Entenda a proposta de moeda comum entre Brasil e Argentina

O presidente Jair Bolsonaro anunciou o desejo de uma moeda comum entre Brasil e Argentina. Essa possibilidade foi levantada durante a agenda presidencial na Argentina.

A proposta seria uma meta após um alinhamento econômico entre os dois países. A moeda poderia se chamar “peso real”.

No entanto, o projeto, que teve poucos detalhes revelados, foi apresentado como “muito a longo prazo”.

A ideia de adotar uma moeda comum, porém, já surgiu em outras ocasiões da relação bilateral argentino-brasileira, mas não seguiu adiante.

moeda comum entre Brasil e Argentina

O incentivador da moeda comum entre Brasil e Argentina

A proposta de uma moeda comum entre Brasil e Argentina é uma ideia antiga do atual ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em 2008, em artigo publicado pela revista Época, ele defendeu a criação, para toda a América Latina, do “peso real”.

Portanto, o nome é o mesmo do que foi apresentado recentemente na Argentina.

Na época, Guedes argumentou que a empreitada deflagraria um ciclo de reformas tributária, trabalhista e previdenciária, com efeitos positivos para todo o continente.

Desde que o Mercosul foi criado, os países do bloco pensam na possibilidade de criar uma moeda comum.

No entanto, nenhuma iniciativa nesse sentido foi concretizada devido às diferenças de políticas cambiais dos membros.

Neste momento, porém, os únicos que estariam negociando a nova moeda seriam Brasil e Argentina. Deixando de fora, por enquanto, Uruguai e Paraguai.

A ideia, tratada como embrionária pelo governo, é questionada por especialistas e gerou críticas no meio político.

O desafio do projeto

O professor Marcelo Kfoury, coordenador do Centro Macro Brasil, da FGV, diz que ideia de uma moeda única entre Brasil e Argentina é considerada possível.

No entanto, só é viável a partir de um sério projeto de integração financeira e econômica.

E, claro, de longo prazo entre os dois vizinhos e outros países da América do Sul, como Uruguai, Paraguai e Chile.

Segundo o professor da FGV, o projeto demoraria, pelo menos, 20 anos para ser posto em prática.

Isso porque fazer a “integração financeira” entre dois países não é uma tarefa fácil, diz Marcelo Kfoury.

Para conseguir isso, é preciso cumprir pelo menos três medidas:

– garantir a livre circulação de moeda e capital entre os dois países;

– integrar os bancos e sistema financeiro de ambos;

– eliminar as margens de flutuação de câmbio.

Consequências

O professor explica o que mudaria com a implementação de uma moeda comum entre Brasil e Argentina.

A principal consequência, de acordo com ele, é a queda do preço dos produtos importados da Argentina.

Para se ter uma ideia, o Brasil importa mais de 70% de trigo da Argentina. Portanto, o pão e o macarrão ficariam mais baratos.

A explicação é que esses produtos deixariam de ter seu preço influenciado pelo câmbio. Afinal, ambos os países usariam a mesma moeda.

Outra consequência pode ser no setor de turismo. O país vizinho é um dos destinos preferidos dos viajantes brasileiros e vice-versa.

A Argentina divulgou recentemente os números do turismo interno para este primeiro trimestre de 2019: o país teve um aumento de 64% de visitantes brasileiros, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Em 2018, o país recebeu 1,318 milhão de turistas brasileiros. Isso representa uma alta de 6,2% em relação ao ano anterior.

Já o Brasil recebeu  6,62 milhões de visitantes em 2018 com a Argentina como a principal origem. Foram 2,5 milhões de chegadas.

Apesar dos números favoráveis, o professor Marcelo Kfoury afirma que isso não deve ter um impacto tão grande na economia, já que o câmbio não é exatamente uma barreira para os argentinos não virem para cá e vice-versa.

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