Em 2019, o número de brasileiros que decidiu abrir uma empresa foi de 2,9 milhões. O dado do Indicador de Nascimento de Empresas da Serasa Experian, no entanto, não registra o mês de dezembro. Ou seja, pode ser ainda maior.
‘Serviços’ foi o setor que mais cresceu. A abertura de empresas de serviços cresceu 29,7% entre novembro de 2018 e novembro de 2019, seguido por ‘indústrias’ (21,0%) e ‘comércio’ (11,8%).
A região Norte apresentou o maior número de novas empresas, com aumento de 36,3% entre novembro de 2018 e novembro de 2019. Na sequência, estão as regiões Nordeste (27,3%), Centro-Oeste (26,3%), Sul (24,8%) e Sudeste (24,2%).
Coronavírus: vale abrir uma empresa agora?
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou um levantamento que mostra que a pandemia do coronavírus reduziu a decisão de abrir uma empresa.
A aferição aconteceu entre 1º de abril a 5 de maio e comparou com os números de 2 de abril a 6 de maio do ano passado.
O resultado revela uma queda de 72% neste ano em relação ao período semelhante de 2019. Foram abertas 1.265 empresas nesse intervalo contra 4.471 no ano passado, de acordo com a sondagem do Ipea em registros da Junta Comercial de São Paulo.
As principais quedas foram nos setores de:
- Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas – 74%;
- Construção – 80%;
- Alojamento e alimentação – 79%;
- Indústrias de transformação – 75%.
Em relação a natureza das empresas, a constituição de micro e pequenas empresas sofreu mais que as demais, com redução de 73,6%. Firmas e sociedades limitadas caíram 57,6%.
Crise molda comportamento de consumo
Mas, afinal, vale ou não abrir uma empresa agora? Para o especialista do Sebrae de São Paulo, Adriano Campos, é importante levar em consideração que, neste período, algumas empresas conquistam mais força e influência.
Já que vários de seus concorrentes podem ter encerrado suas operações. Por outro lado, a crise molda o comportamento de consumo de muitos, seja por insegurança em relação ao emprego ou mesmo falta de renda.
Muitos brasileiros estão mudando prioridades e se tornando ainda mais criteriosos e seletivos antes de efetuar uma compra.
Mesmo assim, de acordo com os dados da Receita Federal, no primeiro trimestre do ano, houve um crescimento de 9,4%, com 876 mil novas empresas – 75 mil a mais do que no mesmo período em 2019.
A participação dos microempreendedores individuais (MEIs) atingiu 80%, puxado pelo segmento de serviços (11,9%) e a Indústria (7,7%).
Os dados da Receita Federal apontam ainda alguns destaques de estados e municípios que estão fechando os meses de forma mais positiva como:
- Belém (PA) – 66%;
- Nova Iguaçu (RJ) – 16%;
- Aracaju (SE) – 9%;
Entre os estados, o Pará foi o único que terminou de forma positiva, com +27%.
Passo a passo para iniciar uma empresa
1 – Decidir o tipo de empresa
Existem três tipos de empresas que você pode escolher:
- MEI – Microempreendedor Individual;
- ME – Microempresa;
- EPP – Empresa de Pequeno Porte.
O MEI é uma primeira categoria, mais básica e com algumas limitações em relação a sócios, faturamento e funcionários. Já na ME, as possibilidades são bem maiores e dá para constituir o seu negócio de acordo com a sua necessidade.
2 – Quais atividades que a empresa irá exercer (CNAE)
A sua atividade profissional é importante, pois ela será enquadrada em alguma categoria de CNAE (Classificação Nacional de Atividade Econômica).
É a partir da definição das suas CNAEs que você saberá quanto vai pagar de impostos (vamos falar mais sobre eles daqui a pouco). Você poderá ter várias CNAEs, porém uma deverá ser a principal.
3 – E os impostos?
Ao abrir uma empresa, saiba que os impostos incidirão sobre o valor do seu faturamento ou dependendo suas atividades.
Existem três regimes tributários que sua empresa pode ser enquadrada:
Simples Nacional – É um programa simplificado de arrecadação de impostos que unifica oito tributos Municipais, Estaduais e da União, em uma guia com vencimento mensal. De forma a facilitar a vida do micro e pequeno empresário que fatura até R$4,8 milhões ao ano.
Lucro Presumido – No Lucro Presumido, as empresas podem faturar até R$78 milhões ao ano e o pagamento de impostos não é unificado em uma única guia – são cinco guias de pagamento independentes (IRPJ, CSL, PIS, INSS e COFINS) com vencimentos diferenciados.
Além disso, existe a Contribuição Sindical Patronal, que indica a parcela do empregador na manutenção de condições igualitárias de diálogo e negociação.
Lucro Real – Nessa opção, alguns tributos (IRPJ e CSLL) são retirados apenas em cima do que a sua empresa lucra de fato. Portanto, é preciso ter todas as contas e balanços conciliados com exatidão.
Após todos os ajustes e compensações das contas previstas na legislação, o lucro da empresa é tributado.
Algumas empresas são obrigadas a se enquadrar no Lucro Real, seja pela atividade ou pelo faturamento – empresas com receita bruta anual superior a R$ 78 milhões, por exemplo.
4 – Documentação
Os documentos para abrir uma empresa variam muito dependendo do estado e da sua cidade. Afinal, existem grandes diferenças de uma Prefeitura para outra, além de exigências para cada atividade comercial.
Os documentos básicos são:
- RG e CPF;
- Comprovante de endereço;
- Se casado(a), certidão de casamento;
- Cópia do IPTU ou documento que conste a inscrição imobiliária ou a indicação fiscal do imóvel onde a empresa será instalada.
Faça um planejamento empresarial
Antes de abrir uma empresa, tenha um planejamento bem definido. E essa regra vale inclusive para quem vai empreender sozinho.
Um bom planejamento deve ser realizado de maneira estratégica e sistêmica para que você esteja preparado para lidar com as situações comuns e evitar surpresas desagradáveis ao abrir a empresa.
+ Saiba como fazer um planejamento empresarial
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