O anúncio da saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça nesta sexta-feira, 24, impactou negativamente a economia brasileira. O dólar disparou e a Bolsa registrou forte queda.
O Ibovespa, principal índice da B3, abriu em queda e, às 12h22, despencou 9,58% aos 72.000 pontos. De forma a chegar perto dos temidos 10%, quando é acionado o mecanismo de circuit breaker, que suspende as operações.
Por volta de 13h05, duas horas depois do início da fala de Moro, o índice reduzia as perdas e recuava 6,57%, aos 74.437 pontos.
Já a moeda americana chegou a ser vendida a R$ 5,717, maior cotação já registrada. Às 13h08, o dólar foi a R$5,69. O euro avança 3,16%, cotado a R$ 6,15.
Projeções podem piorar após a saída de Sergio Moro
A saída de Sergio Moro do governo pode ser o início de novos efeitos colaterais na economia brasileira. Afinal, o esvaziamento da pasta de Paulo Guedes parece ser contínuo.
Sobretudo por causa do plano de investimentos em obras, com incentivos fiscais, anunciado pela Casa Civil e o Ministério da Infraestrutura. O ministro da economia não é a favor de mais gastos.
Aliado a isso, ganha força, no momento, a ideia de recriar o Ministério do Trabalho e oferecer o comando ao PTB, presidido por Roberto Jefferson (RJ). Ou seja, um esvaziamento do superministério da Economia comandado por Guedes.
A outra tese em discussão é a recriação da pasta do Planejamento. Contudo, acredita-se que só será possível se Paulo Guedes deixar o cargo. O que também já não é considerado impossível.
Especialistas também veem risco econômico
A saída de Sergio Moro também traz ainda mais fragilidade na economia brasileira, segundo economistas. De acordo com a economista-chefe da ARX Investimentos, a Bolsa de Valores tende a ser ainda mais impactada se vier acompanhada de um afrouxamento da política econômica.
“Os ativos de risco já vinham performando muito mal, com o aumento do prêmio de risco fiscal. (A saída de Moro) atrapalha a curva de juros e a Bolsa, e o dólar sobe”, explica Solange Srour.
“Isso dificulta ou até impede a retomada da economia, mesmo com uma política de estímulos. O empresário perde a confiança, não sabe se o governo termina ou não, se embarca em um populismo econômico”, complementa a economista.
Em meio a esse turbilhão de volatilidade, Solange Srour sugere que o investidor deve ser extremamente cauteloso em seus próximos passos, tanto ao entrar como ao sair do mercado.
“Se você não precisa de liquidez imediata, respire fundo e fique onde está”, recomenda a economista. “A disparada do dólar vai mostrar a Bolsonaro que suas atitudes estão sendo precificadas pelo mercado e afetando sua popularidade”, completa.
Já Ernani Reis, da Capital Research, é mais enfático. Segundo ele, a curva de retomada do crescimento acaba de ficar muito mais longa, mesmo Moro não estando diretamente ligado às pautas econômicas.
Discurso de impeachment presidencial ganha força
Na demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em meio a crise do coronavírus foi levantada a tese de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A saída de Sergio Moro faz esse movimento ganhar ainda mais força no campo político e nas redes sociais.
O líder da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), já afirmou que entrará com um pedido de impeachment contra o presidente. A justificativa é o crime de responsabilidade com base nos relatos de Moro.
Isso porque ex-juiz federal declarou que o mandatário trocou o comando da PF para ter acesso a investigações e relatórios da entidade. O que é proibido pela legislação.
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